Para o diretor de Carnaval da Imperadores do Samba, a produção do desfile das escolas de samba movimenta a roda da economia local gerando emprego e renda
Na onda do discurso de dificuldades financeiras, vários municípios, nos últimos anos, têm reduzido e até zerado a destinação de recursos públicos, para organização e produção dos desfiles das escolas de samba.
A discussão, em relação ao dever do Estado, no fomento à cultura, com especial atenção à cultura de origem afro-brasileira, não tem mais sentido, pois, isto está garantido na Constituição Federal.
Lamentável, isto ser descumprido por gestores públicos.
Tudo na produção e desfiles das escolas de samba, retorna na forma de impostos.
Mas é necessário trazer para a discussão pública, questões práticas em relação a esta manifestação cultural, quanto a sua importância social e econômica.
As escolas de samba não recebem recursos públicos há dois anos devido à crise financeira e a priorização de aporte à saúde, educação e segurança.
Nos últimos 20 anos coube à cultura em Porto Alegre, aproximadamente 1% do orçamento anual da Prefeitura e, deste percentual, ao Carnaval, menos de 10%.
Em 2018 a receita prevista é de aproximadamente 170.2 bilhões de reais , para o Carnaval seguindo o praticado em 2016, 7 milhões.
Ou seja, valor irrisório, considerando a receita anual do município.
Por outro lado, este recurso economizado com o Carnaval, certamente não irá resolver, nem minimizar o déficit de recursos nas áreas ditas, prioritárias.
Então, não é para resolver ou amenizar os problemas financeiros do município, que os recursos são zerados. Mas ,isto deixa uma manifestação popular genuinamente brasileira, à própria sorte, o que impacta negativamente uma parcela significativa da população de Porto Alegre.
Segmento este que tem no Carnaval, em muitos casos, o único acesso à cultura.
A produção do desfile das escolas de samba movimenta de forma significativa a roda da economia local, com a sua cadeia produtiva, gerando emprego e renda.
Da mesma forma, tem papel fundamental na inclusão social, amparando com a capacitação na sua área de atuação, jovens das camadas mais carentes e em vulnerabilidade social.
Este papel social o Carnaval exerce com maestria.
O Carnaval de Porto Alegre, há muito deixou de ser uma "festa sazonal", para ser, de fato, uma atividade cultural de ano todo e um indutor significativo da indústria do entretenimento.
Os números demonstram isto, media de 150 mil pessoas, ano circulam no complexo, 200 mil nas quadras.
Anualmente são gerados aproximadamente 2 mil empregos diretos e 5 mil empregos indiretos, além dos empregos e serviços relacionados aos eventos das quadras.
São consumidos 4 mil barras de ferro, 8 mil kg de arame, 32 mil metros de tecidos e 24 mil pares de sapatos, entre muitos outros produtos.
Portanto, todo investimento feito na produção e desfiles das escolas de samba, retorna na forma de impostos, inclusão social e outros benefícios.
Aportar recurso público no Carnaval é investimento.